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Viúva Lamego - Monte Velho

Comunidade

O azulejo português é reconhecido em todo o mundo. A sua produção data de meados do Século XVI, mas só no Século XIX é que a vimos afirmar-se com o aparecimento de fábricas de cerâmica por todo o país. A Viúva Lamego foi uma das pioneiras. Fundada em 1849, começou por ser a oficina de olaria de António Costa Lamego, no Intendente, em Lisboa. A sua fachada decorada na íntegra por azulejos figurativos foi inovadora no uso do azulejo como meio de publicidade.

A azáfama e o barulho não enganam. Estamos na fábrica da Viúva Lamego, em Sintra. Há máquinas, fornos e zonas de moldagem, secagem e armazenamento. É aqui que os azulejos ganham forma.

Percorrendo a fábrica, na sala de pintura, o cenário e o ambiente alteram-se. Aqui não se ouvem máquinas e não há um entra e sai de gente. A luz natural enche a sala, bem como as mesas corridas, onde cada artista desenvolve o seu trabalho. Foi aqui que encontrámos Manuela Guerreiro, responsável pela secção de pintura da Viúva Lamego. Naquele momento, estava a trabalhar no painel de azulejos de Monte Velho.

Manuela, que já leva mais de 40 anos de casa, tinha 17 anos quando chegou à fábrica pela primeira vez. Apesar do gosto pelo desenho, nunca tinha feito nada em cerâmica. O tempo fê-la apaixonar-se pelo seu ofício e tornou-a numa artista. “Hoje não me imaginaria a fazer outra coisa. Ainda existe fascínio e todos os dias são entusiasmantes. Adoro receber novos projectos como este do Esporão. Apesar de não fugir muito do que costumamos fazer, teve os seus desafios. Neste caso, as sobreposições das sombras”.

Os anos de prática trouxeram maior flexibilidade às rotinas e agilidade à técnica. Os processos da pintura nos painéis de Monte Velho foram feitos praticamente por uma pessoa só. Com a sua experiência, a pintura ficou pronta numa semana. Na versão do Monte Velho Branco, o fundo laranja foi o ponto de partida. O espaço da garrafa foi deixado em branco e foi necessário picotar e centrar a garrafa. “Com o papel vegetal copiámos o desenho e picotámo-lo com uma agulha. Posteriormente passámos o carvão - um pó que desaparece no forno -, no picotado e o desenho ficou delineado no branco. Depois, pintámos a peça à mão com a aplicação de cores e sombras tal como a garrafa. Sendo um painel, há um processo de marcação atrás para facilitar a montagem do mesmo”.

“Depressa e bem, não há quem”, já diz o ditado. E esse é um dos ensinamentos que Manuela tenta passar à sua equipa, em especial aos mais jovens. Para a pintora, as máquinas fazem peças iguais e, na Viúva Lamego, não há uma peça igual. Todas as peças são únicas e essa singularidade e a marca de quem as faz, acrescenta-lhes valor.

“As nossas obras podem não ser assinadas por um só artista, mas a Viúva Lamego representa um conjunto de artistas, esta equipa. É um orgulho imenso ver as peças montadas em diferentes cidades em Portugal e no mundo, e percebermos que ali estiveram as nossas mãos”.

Por estes dias, no turismo da Herdade do Esporão, já é possível ver o resultado desta colaboração entre Monte Velho e a Viúva Lamego. Uma das paredes da esplanada do restaurante, ganhou assim mais cor e uma nova história com o trabalho da Manuela e da sua equipa.

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