De Garrafeira a Private Selection
Em 1992, produzíamos dois vinhos de grande qualidade na Herdade do Esporão – Esporão Reserva e Garrafeira Tinto. Na altura, o Garrafeira era um vinho de qualidade superior, mas apesar de ser um vinho feito a partir das melhores barricas do lote de Reserva, as suas características não correspondiam à ‘imagem’ passada e ao seu próprio nome.
“O nome Garrafeira dava a ideia de que o seu potencial de envelhecimento também era superior ao Reserva, o que não se verificava na altura. Quando cheguei à Herdade e engarrafei o vinho, percebi o seu potencial. Tinha características de garrafeira, mas podíamos torná-lo mais estruturado e melhorar o seu envelhecimento”, conta David Baverstock, enólogo do Esporão na altura.
O primeiro passo para essa mudança começou na vinha. Depois de algumas experiências, para conseguirmos um vinho mais forte, firme e estruturado precisávamos de uma boa base e, por isso, plantámos as castas Syrah e Alicante Bouschet. Os anos que se seguiram foram de grande trabalho e evolução na vinha e adega. O ano de 1999 foi de transição e, em 2000, já com as vinhas com quatro, cinco anos, conseguimos apresentar um novo vinho nascido do Garrafeira – o Esporão Private Selection.
Depois da alteração do nome e de melhorarmos o trabalho na vinha, precisávamos de uma nova adega. Em 2015, construímos a Adega dos Lagares que nos trouxe as condições que precisávamos para fazer o Private Selection Tinto. O vinho tinha como base uvas com uma maior concentração e a nova adega ajudou a tornar a vinificação mais intensa e pormenorizada.
Inicialmente, o Esporão Reserva e o Private Selection envelheciam ambos em barricas de carvalho americano. Hoje, a sua maturação é distinta. As castas continuam a ser vinificadas em separado, mas no Private Selection são utilizadas barricas novas de carvalho francês. A diferente maturação, confere ao vinho uma madeira mais evidente, tornando-o intenso com corpo para absorver e aguentar a madeira.
Após dois anos de estágio – primeiro em barricas, depois em garrafa – no nariz, predomina a fruta negra com ligeiros apontamentos de fumo e especiarias. Na boca é rico, equilibrado, com boa acidez e taninos finos. O final, é longo e persistente.
UM VINHO MARCADAMENTE ALENTEJANO, DOS NOSSOS TERRITÓRIOS
Numa terceira fase, e conhecendo cada vez melhor as nossas origens, o Private Selection evoluí para ser definir como o vinho que representa melhor os nossos territórios e pessoas que cuidam da vinha e do vinho. Ao longo do tempo, o querer aprofundar o conhecimento sobre as nossas origens, fez-nos compreender o potencial e singularidades de cada vinha da Herdade do Esporão, da Herdade dos Perdigões e de Lavradores em Portalegre. Atualmente, o Private Selection é feito a partir, exclusivamente, de uvas provenientes destes territórios.
A Herdade do Esporão, é a base do vinho, é das uvas colhidas aqui que obtemos a intensidade do vinho. Esta intensidade provém da combinação de solos com baixa fertilidades, da idade das vinhas e das características do clima. A Herdade dos Perdições confere a textura a partir dos solos profundos e argilosos, com uma exposição que o favorece. A vinha dos Lavradores oferece a vitalidade, não estivesse ela plantada a 400m de altitude.
Posteriormente, na Adega dos Lagares, cada parcela é vinificada e fica a estagiar em separado, de acordo com o potencial de cada origem e casta.
Todos estes fatores, aleados às características do ano de colheita resultam num vinho completo, com textura, intensidade e vitalidade. Um vinho que demonstra a diversidade e riqueza dos territórios onde estamos presentes. Em anos excecionais esta combinação dá origem ao vinho Torre do Esporão.
UM BRANCO SINGULAR NO ALENTEJO
A história do Esporão Private Selection Branco começou em 2001, e é especial.
A vontade de fazer um vinho branco diferenciador, que desafiasse o perfil clássico dos grandes vinhos do Alentejo, levou-nos a arriscar. O enólogo David Baverstock trouxe a casta Sémillon do seu país natal, Austrália, para a nossa Herdade dos Perdigões. Esta casta francesa, que ainda hoje não existe em muitos lugares, é icónica na região de Barrosa Valley, Austrália, onde cresce num clima semelhante ao do Alentejo. No Alentejo fomos pioneiros e, hoje, temos uma das mais velhas vinhas de Sémillon em Portugal.
Plantada em solos de origem granítica, argilosos e profundos, na vinha das Palmeiras adaptou-se muito bem ao nosso solo e ao nosso clima. É desta vinha que nasce este vinho.
A maturidade que a vinha adquiriu ao longo dos anos, em conjunto com as características únicas da casta e de todo o caminho percorrido na adega, resultam num vinho rico e com uma personalidade única, marcado pela sua textura e profundidade.