A arte de fazer vinho de talha
No Alentejo, o caminho do vinho de talha começou há mais de 2000 anos. A vontade de manter vivas tradições que fazem parte do vinho alentejano e continuar a fazer grandes vinhos, levaram-nos a um património único e a uma técnica milenar, o vinho de talha.
Com mestria, cada passo é importante até ao São Martinho
Esta técnica muito particular, distingue-se de qualquer outra forma de produzir vinho desde o primeiro momento. Depois de desengaçadas e esmagadas, as uvas são colocadas nas ânforas de barro para iniciarem a fermentação. Aqui, acontece tudo de forma espontânea, conduzido pelas leveduras indígenas presentes no fruto.
A fermentação e a própria forma da talha vão naturalmente dar origem ao movimento que transporta a película da superfície até ao fundo da talha. Nesta fase, quando a fermentação termina, é adicionado azeite para selar a talha e evitar o contacto direto do vinho com o oxigénio.
É tradição no Alentejo deixar as massas repousar nas ânforas até ao São Martinho, altura em que se prova com as castanhas assadas.
Assim que o vinho estiver pronto a ser engarrafado, coloca-se uma torneira (o batoque) na base das talhas para retirar o vinho. O facto de se retirar o vinho por baixo, permite que este passe pelas massas que, entretanto, se depositaram no fundo, funcionando como um filtro natural.
No final de todo este processo, resulta um vinho mais oxigenado e com menor extração, mais leve, suave e frutado. Pelas suas características, é um vinho com uma grande aptidão gastronómica. Ideal para provar com pratos ou petiscos típicos do nosso Alentejo. Não fossem as tabernas o seu berço.
A história do nosso vinho de talha
Fomos bater à porta de vizinhos, não só para aprender, mas também para tentar encontrar talhas tradicionais para as recuperar. Ainda hoje se podem encontrar talhas de barro em utilização em alguns restaurantes e quintais. Lugares como a Adega Velha, em Mourão, foram uma inspiração para dar os primeiros passos. Aprendemos com o passado para poder continuar a inovar. Desde 2014 o nosso caminho tem sido de aprendizagem e experiências.